O presidente francês Nicolas Sarkozy se juntou ao criticismo russo contra o projeto de escudo antimísseis americano, informa nesta sexta-feira, 14, o jornal britânico The Guardian em sua edição online. “A instalação de um sistema defesa de mísseis não traria nada para a segurança na Europa. Vai complicar as coisas, levará tudo de volta ao passado”, afirmou Sarkozy após um encontro com o presidente russo Dmitri Medvedev, que escutou os comentários e sorriu enquanto seu colega falava.

Sarkozy, no entanto, também criticou o plano russo de instalar mísseis no enclave de Kaliningrado – território no Mar Báltico, perto da Polônia. Ele fez as declarações na cúpula entre a União Européia (UE) e a Rússia, no qual o bloco anunciou que voltou a negociar um acordo político e econômico com Moscou.

O presidente francês afirmou que levará a questão dos mísseis a um encontro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em abril do ano que vem. Os comentários ocorreram em uma semana na qual tanto os EUA quanto a Rússia rejeitaram as propostas feitas por ambos para os sistemas de mísseis, o que leva a crer que o problema só será tratado quando o presidente norte-americano eleito, Barack Obama, tomar posse em 20 de janeiro.

Durante a cúpula, Sarkozy pediu um encontro da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), na qual será discutida a segurança no continente com a Rússia. “Não será uma cúpula conclusiva, mas poderemos lançar as fundações do que poderá ser um acordo entre nós”, afirmou ele.

Medvedev disse que o plano russo de instalar mísseis em Kaliningrado foi uma resposta ao sistema antimísseis dos EUA na Polônia e na República Checa. “Foi uma resposta a nações européias que, sem consultar ninguém, concordaram em receber novas armas em seus territórios”, afirmou o presidente russo. Sarkozy agradeceu a Medvedev por ter “implementado em grande parte” a prometida retirada russa da Geórgia.