Quando o primeiro presidente negro dos EUA, Barack Obama, assumir amanhã a Casa Branca, um mega-esquema de segurança estará montado a fim de garantir que nada nem ninguém tirem o brilho da festa.

A estimativa é de que dois milhões de pessoas assistam à cerimónia. Tudo estará organizado com medidas inéditas de segurança face a potenciais ameaças. A começar pela limousine Cadillac presidencial blindada, o novo carro à prova até de ataques de granadas, que transportará Obama.

De acordo com a agência AFP, o serviço secreto que se encarrega da segurança presidencial admite que Obama tem recebido mais ameaças do que qualquer outro presidente americano, e que estas têm aumentado desde a sua vitória nas eleições de 4 de Novembro de 2008. Recorde-se que dias antes, dois extremistas brancos foram presos no Tennessee, acusados de estarem a planear assassinar o Obama.

Desde há semanas que um batalhão de pessoas trabalha para assegurar o êxito da operação, na qual estarão envolvidos cerca de 20 mil militares, polícias e agentes à paisana destacados. Apesar do secretismo em torno do esquema de segurança – que se estenderá para além da cerimónia de posse -, os responsáveis afirmam que estão prontos para qualquer contingência.

Obama, pelo fato de ser negro, corre riscos que nenhum outro presidente americano enfrentou. Desde há pelo menos 20 meses que recebe proteção especial dos serviços secretos americanos. Segundo Mark Potoc, director do Serviço de Inteligência do SPLC- Centro Southern Policy Law (organismo que monitoriza os grupos racistas americanos), um conjunto perigoso de fatores se avizinha nos próximos meses, o que obrigará à manutenção da segurança em torno de Obama por muito mais tempo.

Em declarações à AFP, Potoc diz que para além da cor da pele de Obama, factores como a recessão económica podem desencadear atos extremistas.

As autoridades americanas já registaram diversos incidentes: a queima de cruzes (uma ação típica da organização racista Ku Klux Klan), bonecos com a cara de Obama enforcados e, ainda, um caso de um grupo de adolescentes que cantavam “matem Obama” num autocarro escolar no estado de Idaho.

Segundo o general Richard Rowe, responsável pelo comitê das Forças Armadas para a posse presidencial, numa circunstância especial como essa, nada pode ser descartado. “Devemos preocupar-nos com um ataque químico, biológico, potencialmente radioativo”, disse. Razão pela qual este será, possivelmente, o maior e mais avançado esquema de segurança já montado nos EUA para a transferência de poder.

Estes são dias de festa em Washington. O setor hoteleiro exulta com o elevado número de visitantes, os bares têm condições excepcionais de funcionamento, o governo local autorizou a 280 restaurantes que sirvam refeições durante 24 horas nos dias da celebração e bebidas alcoólicas até às 4h00 da manhã (o limite habitual é 2h00.

A “indústria Obama” prospera mais do que nunca. A imagem do presidente é utilizada para vender quase tudo, desde sabonetes a garrafas de água e champanhe.

Com mais de dois milhões de visitantes na cidade para a posse de Obama, o proprietário da “Presidential Americana”, especializada em souvenirs não cabe em si de contente. James Warlick espera a visita de pelo menos 10 mil pessoas em suas cinco lojas ao longo da semana, a mais recente das quais foi inaugurada há apenas seis meses à reboque da “Obamania”.

Surgiram até roupas de dormir femininas “Sleeping with Obama” (Dormindo com Obama), aventais “Cooking with Obama” (Cozinhando com Obama), gorros, luvas e xailes. Como diz a proprietária da sofisticada lojas de móveis Skynear & Co – onde esses produtos estão à venda – “todo mundo quer um pedacinho de Obama”.

Washington espera arrecadar este mês centenas de milhões de dólares em impostos. Ou seja, 30% a 40% mais do que é habitual. Para William Hanbury, presidente do “Destination DC”, órgão de turismo da capital americana, “a quantia vai superar o Mundial de Futebol ou o Superbowl (final do campeonato de futebol americano). E os lucros não vão parar com a posse de Obama

Esperamos que todo o esquema de segurança seja suficiente para que a festa corra tranquilamente bem.

Fonte:aeiou