Como garantir um futuro sem sustos após as mudanças nas regras da aposentadoria

como garantir um futuro após mudanças na aposentadoria

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Especialistas dão dicas para complementar renda e obter uma independência financeira; Tesouro é alternativa interessante

É importante procurar alternativas ao INSS para que se consiga complementar a renda

Com a sanção da revisão da regra 85/95, uma nova perspectiva se abre para aqueles que desejam obter a aposentadoria e aproveitar os anos de descanso tranquilamente. No entanto, será que contar apenas com o benefício do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) é a melhor opção para quem busca a aposentadoria, ou é preciso procurar opções para complementar a renda? O iG conversou com o educador financeiro Rafael Seabra, fundador do blog Quero Ficar Rico, e com o educador financeiro e terapeuta financeiro Reinaldo Domingos, presidente da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), que deram dicas para planejar e desfrutar da aposentadoria.

Para começar o planejamento, o especialista alerta que a pessoa se aposente sem estar com a renda comprometida, ou seja, sem gastar mais do que ganha. Por isso, é importante procurar possibilidades para não enfrentar transtornos. “Fica muito difícil fazer essa mudança [zerar os gastos e contas] depois que se aposenta. Esse equilíbrio deve ser buscado antes”, afirma Seabra. Ele também diz que muitas vezes as pessoas não conseguem ser financeiramente independentes após a aposentadoria, precisando depender de familiares ou até mesmo continuar trabalhando para complementar a renda.

Quanto da renda líquida deve se destinar aos investimentos?

Ambos educadores financeiros argumentam que o ideal é investir, no mínimo, um total de 10% da renda pessoal no planejamento da aposentadoria. “Além de investir esse percentual dos ganhos mensalmente, é preciso ter a disciplina de aplicar assim que se recebe o salário, porque é difícil que exista uma sobra de recursos caso não se priorize o investimento. Então, na verdade, a pessoa precisa pensar ‘se eu ganho R$ 2 mil, na verdade eu ganho 1.800’, porque é necessário contar com 10% da renda para o investimento na aposentadoria”, diz Rafael Seabra.

Seabra também diz que caso o indivíduo sinta-se à vontade e tenha a percepção que sua situação financeira é favorável, ele pode vir a investir uma quantidade maior.

Reinaldo Domingos enfatiza que é preciso haver, acima de tudo, um bom planejamento. O investidor precisa ter em mente o valor que ele precisa ter para conseguir uma aposentadoria sustentável, ou seja, ele precisa ter um objetivo claro.

“A pessoa precisa acumular uma reserva financeira que possa lhe dar o dobro do padrão de vida dela de rendimento mensal. Por exemplo: uma pessoa possui um custo de vida de R$ 5 mi. Ela precisa acumular no mínimo um valor de reserva que dê de renda para ela R$ 10 mil. De nada adianta a pessoa simplesmente guardar dinheiro na previdência ou no Tesouro Direto, se ela não sabe nem o número de seu sapato”, afirma Domingos.

Qual é o momento ideal para começar a investir na aposentadoria?

Para Rafael Seabra, quanto antes melhor. “Existem dois fatores que contribuem bastante para o retorno em longo prazo. Um deles, é a taxa de desenvolvimento que a pessoa irá conseguir e outro é o tempo. Então quanto maior for a taxa e por quanto mais tempo o dinheiro for aplicado, o crescimento será maior, pois é exponencial”, explica.

Ele também relata que muitos pais já investem em planos de previdência para os filhos porque isso pode fazer uma grande diferença no futuro. “Se você é um pai que já tem um filho pequeno ou está prestes a ter um filho, se organize para separar uma parte da sua renda que não precisa ser tão expressiva no começo”, aconselha. Ele também diz que esses investimentos para os filhos podem ter outros destinos além da aposentadoria, como um fundo para pagar uma faculdade privada.

Reinaldo Domingos esclarece que quanto mais cedo uma pessoa começa a investir, menor será seu esforço, uma vez que ela terá os juros a seu favor. “A aplicação não é mais importante que a tomada de decisão pela reserva”.

Não dependa do INSS: investir no Tesouro é fundamental para o educador

Uma possibilidade apontada por Seabra é o investimento de médio e longo prazo, um dos melhores – apontados pelo especialista – é investir diretamente em títulos públicos do Tesouro, para captar recursos ao longo do tempo de trabalho e, no futuro, complementar a aposentadoria. Seabra é taxativo ao defender que é preciso que o segurado não dependa apenas do INSS, mas tenha também uma aposentadoria complementar. “Durante muito tempo as pessoas achavam que só existia ela [aposentadoria pelo INSS], então você tinha de aceitar uma mudança de padrão de vida lá na frente. E ao longo do tempo as pessoas entenderam que não precisavam aceitar o teto do INSS e que podiam complementar a renda”, explica.

Sobre a questão dos investimentos, o educador financeiro afirma que o ideal é tentar evitar investimentos nos bancos por conta das taxas de administração que essas instituições cobram. “A pessoa vai ter de ser mais disciplinada. Do mesmo jeito que ela teria que contribuir todo mês com o plano de previdência, ela vai ter de ter a disciplina de ir lá e investir. A vantagem financeira é muito grande para quem consegue ter essa rotina”, esclarece.

O investimento no Tesouro Direto é muito acessível, diz Seabra, porque ele protege o patrimônio do indivíduo. “Tem um título específico no Tesouro que é o Tesouro IPCA + que garante ao investimento a variação da inflação mais uma taxa fixa. Ele garante que o patrimônio da pessoa vai estar protegido da inflação, porque ele vai variar tudo que a inflação variar e ainda vai render por cima 7% ao ano.”

Como investir no Tesouro Direto?

Para investir no Tesouro, é preciso primeiro se cadastrar em uma corretora ou instituição financeira registradas no Banco Central. Após o cadastro, os passos podem ser realizados pela internet:

– Analisar os títulos disponíveis, escolher o que considerar melhor (relacionando prazos e retornos);

– Transferir a quantidade de dinheiro desejada para a conta da instituição.
E se a pessoa quiser ou precisar resgatar o dinheiro antes do prazo?

O cliente pode retirar os valores investidos no Tesouro Direto antes do prazo estipulado no papel, se assim desejar. No entanto, Rafael Seabra faz uma ressalva sobre a questão. “É possível fazer isso, mas em planos de previdência privada os custos das taxas são geralmente maiores do que no investimento em títulos públicos.”

O educador financeiro explica que são cobradas taxas no caso de haver a retirada dos valores antes do tempo previsto, e que tais custos podem corroer praticamente toda a rentabilidade da pessoa e danificar seu patrimônio. “Esses investimentos são de longo prazo, mas os resgates dos títulos do Tesouro podem ser feitos diariamente, como na caderneta de poupança. O dinheiro está na sua conta, é possível sacar, e só se paga o Imposto de Renda sobre o montante resgatado, não incide sobre o total patrimônio que foi aplicado”, discorre.

Mas quais são os títulos disponíveis no Tesouro?

Existem duas divisões de títulos no Tesouro: os prefixados e os pós-feixados. Os prefixados são aqueles nos quais o investidor sabe exatamente o valor que receberá se fica com o título até sua data limite. Já os pós-fixados, são aqueles que são corrigidos por um indexador, como a taxa básica de juros (Selic) e a inflação (IPCA). Dessa forma, a rentabilidade do título depende dos efeitos do indexador e da taxa obtida no momento da aquisição.

Cofira cada título conforme descrito no site oficial do Tesouro:

O que é Tesouro Prefixado (LTN)?
O pagamento deste título ocorre apenas no final da aplicação. É mais indicado para quem não precisa de um complemento imediato a renda. Para cada título comprado, o investidor recebe R$ 1 mil, sendo que o recebimento do valor será na data estabelecida. A rentabilidade do título está representada na diferença entre o valor recebido no final e a quantia paga no momento da compra do título em si.

Se o investidor precisar vender o título antes do prazo por qualquer motivo, o Tesouro Nacional irá pagar o valor de mercado dele, o que pode afetar a rentabilidade de forma positiva ou negativa dependendo no preço que o título tiver quando for vendido. Por esse motivo, o Tesouro recomenda que se tente conciliar a data de vencimento do título comprado com o prazo desejado para o investimento.

O que é Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (NTN-F)?
No pagamento deste título existe a incidência do Imposto de Renda (IR). Segundo o Tesouro, ele é mais indicado para aqueles que pretendem usar os rendimentos para complementar a renda após a aplicação, uma vez que o título faz pagamento de juros a cada seis meses, em outras palavras, o rendimento é recebido durante um período no qual a aplicação é realizada, diferente do Tesouro Prefixado (LTN), no qual o valor é dado em um momento específico.

Se o plano do investidor é reinvestir os valores recebidos a cada seis meses, o Tesouro diz que é mais interessante investir em um título que não paga juros semestrais. De acordo com o Tesouro, em um título no qual o Imposto de Renda é recolhido apenas no final da aplicação, é possível garantir que a taxa de rentabilidade incida sobre um montante maior, sendo que não há reduções por conta dos descontos do IR em eventos de pagamentos dos juros semestrais.

Se esse título for mantido até o prazo de vencimento, o investidor recebe R$ 1 mil acrescido do último pagamento de juros semestrais. As regras para venda antecipada do título são as mesmas do Tesouro Prefixado (LTN).

Pós-fixados

O que é Tesouro Selic (LFT)?
O Tesouro recomenda este título para aqueles que acreditam que a tendência da taxa Selic é aumentar, sendo que a rentabilidade dele está ligada à esta taxa. O órgão diz que este é um investimento mais indicado para pessoas mais “conservadoras”, uma vez que o valor de mercado do papel possui uma baixa volatilidade, o que evita perdas no caso do investidor precisar vender o título antes do prazo estabelecido. Segundo o Tesouro, é também indicado para quem não sabe exatamente quando precisará resgatar o investimento.

Não há pagamento de juros semestrais nesse título, o que torna ele mais interessante para quem pode esperar para receber o dinheiro, ou seja, quem não precisa complementar a renda imediatamente. O Tesouro Nacional também recompra o valor de mercado caso o título seja vendido antes do prazo.

O que é Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais (NTN-B)?

Segundo o Tesouro, é um título que garante o aumento do poder de compra do dinheiro do investidor, levando em conta que o rendimento é composto por duas parcelas: uma taxa de juros prefixada e a variação da inflação (IPCA). Isso garante que o patrimônio do investidor seja protegido, pois a rentabilidade do título sempre será superior a inflação.

Assim como o Tesouro Prefixado com Juros Semestrais (NTN-F), é recomendado que esse título seja procurado pelo investidor que deseja complementar sua renda a partir do momento da aplicação, pois há o pagamento de juros a cada semestre, ou seja, o rendimento dele também é recebido ao longo do período da aplicação, em fiz de um só pagamento no final.

Também existe a incidência do Imposto de Renda no pagamento desses valores semestrais, o que faz com que ele seja mais interessante para quem não planeja reinvestir os valores recebidos a cada seis meses. No dia do vencimento do título, o investidor pode resgatar o valor investido atualizado pela inflação acrescido do último pagamento de juros semestrais. O procedimento caso ocorra a venda antecipada do título é o mesmo do Tesouro Prefixado (LTN).

O que é Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal)?

Segundo o Tesouro, também é um título que garante o aumento do poder de compra do dinheiro do investidor, levando em conta que o rendimento é composto por duas parcelas: uma taxa de juros prefixada e a variação da inflação (IPCA). Isso garante que o patrimônio do investidor seja protegido, pois a rentabilidade do título sempre será superior a inflação.

O Tesouro afirma que ele é um título indicado para quem deseja poupar para a aposentadoria, compra de casa, estudo dos filhos, em outras palavras, objetivos de longo prazo, tendo em vista que o título possui disponibilidade de vencimentos mais longos.

O valor recebido é dado apenas uma vez, no final da aplicação, o que também torna esse investimento mais interessante para quem pode esperar o dinheiro até o vencimento do título. As regras para venda antecipada do título são as mesmas do Tesouro Prefixado (LTN).

E onde mais investir além do Tesouro?

O educador financeiro e terapeuta financeiro Reinaldo Domingos destaca a possibilidade de investir em seguradoras. As seguradoras possuem planos próprios e o investidor pode avaliar qual lhe agrada mais. Ele também menciona a possibilidade de procurar corretoras para realizar investimentos em ouro, que consiste na variação do ouro, ou em fundos de investimento. Ele também apresenta a possibilidade de investir em ações, mas não recomenda essa medida por conta das incertezas do mercado.

Domingos também defende que o cliente não busque apenas uma opção de investimento, mas que tente fazer mais de um ao mesmo tempo. “É bom pulverizar os investimentos. Pelo menos uns dois ou três para que a pessoa possa diversificar, ela não pode concentrar forças em uma única instituição”, afirma. Ele ressalta que a pessoa pode pegar os 10% que separar de sua renda e redistribuir o valor em diferentes tipos de investimento.

Fonte: Brasil Econômico/Aposentadoria


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