Mãe de Nayara diz que refazer audiência do caso Eloá é mexer em ferida

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Daqui a um mês, o processo do caso Eloá será refeito em Santo André, no ABC, a pedido da Justiça.

Para a estudante Nayara Rodrigues da Silva, sobrevivente do sequestro que culminou com a morte de sua melhor amiga e a prisão de Lindemberg Alves Fernandes em 2008, falar sobre o assunto ainda incomoda.

Todo o drama e o trágico desfecho foram mostrados ao vivo pela TV. Nayara foi baleada no rosto e Eloá na cabeça. O ex-namorado da vítima é acusado pelos crimes de lesão corporal, assassinato e cárcere privado. Além das duas, dois amigos delas também foram mantidos reféns e soltos pelo réu.

Em entrevista ao G1, a mãe da adolescente de 17 anos, a professora Andreia de Lourdes Rodrigues de Araujo, de 35 anos, diz que recomeçar os trabalhos da audiência de instrução da estaca zero é remexer em um trauma do passado que Nayara tenta superar.

“Refazer a audiência do caso Eloá é mexer na ferida da minha filha, no maior trauma dela”, diz a mãe.
O trauma a que se refere a professora não é o físico – apesar de sua filha ter tido que passar por uma cirurgia na face por conta do disparo.

“É o psicológico. Ela ficou traumatizada. O comportamento dela mudou muito. Oscila bastante. Ela está mais tristonha hoje e às vezes agressiva devido ao trauma que ocorreu. O trauma de ter sido refém com a amiga, ameaçada de morte por uma arma, baleada”, conta Andreia.

Segundo ela, o tratamento psicológico a que sua filha estava sendo submetida foi supenso. “Nayara não quis mais continuar, mas na minha opinião acho que ela deveria voltar a ter um acompanhamento especializado”, diz.

Andreia soube pela reportagem que a audiência, na qual sua filha terá de comparecer como testemunha de acusação, acontecerá em 11 de março, uma sexta-feira, a partir das 10h. A fase de instrução antecede a um eventual julgamento.

“Fico indignada com uma dois dessas, de remarcar a audiência. Onde já se viu isso? Pensei que fosse ter o julgamento e não voltar tudo à estaca zero”, diz a mãe de Nayara. Sua filha não comenta o assunto.

Esse julgamento a que se refere Andreia estava programado para ocorrer em 21 de fevereiro deste ano, mas foi cancelado em novembro do ano passado. Isso ocorreu porque o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou todo o trabalho feito pela Justiça paulista após recurso impetrado pela defesa do réu.

O STJ considerou haver falhas de procedimento na audiência que antecedeu a decisão de levá-lo a júri popular, ocorrida em janeiro de 2009. Segundo o órgão, as falhas acabaram comprometendo a defesa de Lindemberg.

Por esse motivo, o processo a que ele responde terá de ser refeito. A fase de instrução será retomada pelo juiz José Carlos de França Carvalho Neto, segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Sã Paulo.

Ele irá ouvir novamente no fórum de Santo André as testemunhas de acusação e defesa, advogados das partes, Ministério Público e o réu.

Depois disso, o juiz irá decidir se o processo será arquivado ou se Lindemberg será submetido a júri popular.

Lindemberg, que está preso preventivamente há quase três anos, é acusado de sequestrar e matar Eloá a tiros em 17 de outubro de 2008 no apartamento da vítima em Santo André, no ABC. O motivo do crime foi, segundo o MP, os ciúmes pelo fim do relacionamento. Ele queria reatar o namoro.

Silêncio
Até hoje, Lindemberg não se pronunciou sobre o caso, se reservando ao direito de ficar em silêncio durante a fase de instrução ocorrida em janeiro de 2009.

De acordo com a advogada, o juiz deixou de ouvir dois policiais militares que participaram da invasão do apartamento e rejeitou análise de depoimentos e laudos.

“Ele [Lindemberg] não falou naquela oportunidade por conta das irregularidades que aconteceram naquela data na audiência de instrução. A defesa entrou com recursos jurídicos para que a audiência fosse anulada e refeita, como de fato consegui”, diz Ana Lúcia Assad, advogada de Lindemberg.

Segundo Ana Lúcia, seu cliente dará agora em março, nesta próxima audiência, sua versão de defesa.

“Espero e acredito que o estado/juiz aja em observância à paridade de armas. Em outras palavras, que tanto defesa e acusação tenham as mesmas oportunidades para demonstrar cada uma a sua verdade”, afirma a advogada.

O caso
Eloá Cristina Pimentel, sua amiga Nayara Silva e mais dois adolescentes foram feitos reféns por Lindemberg no dia 13 de outubro de 2008 no apartamento dos pais da vítima em Santo André.

Os dois jovens foram libertados no mesmo dia e as duas meninas seguiram no apartamento. Nayara deixou o local no dia 14, mas retornou no dia 16 após uma tentativa frustrada de negociação com a Polícia Militar.

No dia seguinte, a polícia invadiu o apartamento e as duas acabaram baleadas. Eloá morreu atingida por dois tiros e Nayara foi ferida no rosto.

Os policiais dizem ter entrado apenas após ter ouvido um tiro. Segundo a PM, os disparos contra as vítimas foram dados somente pelo ex-namorado da adolescente.

fonte: Kleber Tomaz


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