Venezia Cinema Italiano IV em SP

Com Il Papà di Giovanna, de Pupi Avati, e na presença do ator principal, Silvio Orlando, será aberto hoje no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, o Venezia Cinema Italiano IV. A mostra se dedica a divulgar o cinema italiano recente, que tem pouca oportunidade no circuito comercial brasileiro. Os sete filmes escolhidos, como o título da mostra indica, participaram do recente Festival de Veneza, o mais antigo do mundo, e que se realiza em setembro na cidade italiana.

Il Papà di Giovanna, o filme de abertura da mostra paulistana, teve boa acolhida no Festival de Veneza. Em especial, pela atuação de Silvio Orlando, ator completo e um dos profissionais mais amados em seu país. Ele faz o papel de um pai infeliz e superprotetor de uma filha adolescente bastante problemática. O filme é centrado no papel de Orlando, professor modesto, casado com uma mulher belíssima (Francesca Neri). Depois que um crime acontece, a vida de Orlando vira uma bagunça. Perde o emprego, a mulher o abandona, mas continua devotado à filha, agora internada em hospital psiquiátrico. A história se passa durante o governo fascista de Mussolini e avança até o pós-guerra. “Há muito me interesso pela figura do pai e por seu enfraquecimento na época atual”, disse Avati durante o festival.

Outro destaque na mostra, Terra Vermelha, de Marco Bechis, já é conhecido do cinéfilo paulistano, pois abriu a Mostra de Cinema deste ano. Entra em circuito comercial nesta sexta e, apesar de levar bandeira italiana na produção, mais brasileiro não poderia ser. Seu tema é o drama dos guarani-kaiowás, muitas vezes levados ao suicídio por falta de condições de sobrevivência. A história evoca a persistente luta pela demarcação de suas terras e o faz com grande sentido de dramaturgia e nenhuma concessão ao bom-mocismo habitual em filmes sobre índios. Tem elenco de atores conhecidos brasileiros e italianos (Matheus Nachtergaele, Leonardo Medeiros, Chiara Caselli, etc.). Mas são os índios os protagonistas.

Vale destacar ainda Un Giorno Perfetto (Um Dia Perfeito), de Ferzan Ozpetek (diretor nascido na Turquia, radicado na Itália), que faz ironia com a jornada infernal de uma mulher separada de um marido lunático e inconformado. E O Sêmen da Discórdia, de Pappi Corsicato, que protagonizou um dos momentos mais polêmicos do Festival de Veneza, sobretudo para a imprensa estrangeira, que odiou o filme. Além desses quatro títulos, a mostra programou Almoço em Agosto, de Gianni Di Gregorio, Pa-ra-da, de Marco Pontecorvo, e a cópia restaurada de Os Monstros, de Dino Risi, filmes que participaram em outras seções da mostra veneziana.

Fonte: estadao


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