Brasil é rei de pênaltis: bate Espanha, Itália, Inglaterra, Alemanha, Argentina

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Atacante que disputa o Brasileirão 2010 e tem pé atrás com arbitragem reclama de barriga cheia. No futebol nacional, caiu na área é pênalti. Em comparação com os principais campeonatos do mundo – Alemão, Argentino, Espanhol, Inglês e Italiano -, os juízes daqui são os que mais apitam apontando logo para a marquinha redonda do tiro livre mais temido pelos goleiros.

Os números mostram 120 penalidades máximas marcadas nas 35 rodadas, o que dá média de 0,34 por jogo.

Além da liderança nos pênaltis, o Brasileirão tem também a maior média de faltas cometidas por partida: são 35,6, contra 29,7 da Espanha. É bom lembrar que a competição nacional está na reta de chegada, ao contrário dos demais países pesquisados.

Mais tensão nos gramados na corrida pelo título e na luta contra o rebaixamento poderia justificar tais números.

Por outro lado, se no Brasil os atletas cometem mais pênaltis e faltas, a Espanha, detentora do título mundial na África do Sul e que acolhe Messi e os mais galácticos do planeta, apesar de ter apenas 110 jogos nas 11 rodadas de seu campeonato, é a campeã de cartões amarelos: são 646, o que dá média de 5,87, contra 5,32 do vice, o Brasil.

O “título” das “tarjetas” vermelhas é da Argentina: por 57 vezes nas 140 partidas em 14 rodadas do Apertura, alguém foi mais cedo para o chuveiro. Média de 0,40. Em segundo lugar, ali, no fotochart, aparece a Espanha, com 0,39.

Curioso é que países com futebol considerado mais pragmático, com ênfase na marcação e postura tática, como Alemanha, Inglaterra e Itália, aparecem mais abaixo na lista em todos os quesitos disciplinares.

Para Zico, ídolo maior do Flamengo, que nos anos 80 atuou no Udinese, da Itália, e nas últimas temporadas treinou equipes – como o Fenerbahçe, da Turquia, e o Olimpiakos, da Grécia – que jogaram a Liga dos Campeões, enfrentando as principais forças e lidando com várias escolas de arbitragem, os números têm motivos técnicos e históricos.

– Nesses países o juiz deixa o jogo correr mais, não se marca falta toda hora. É uma questão cultural. O número alto de cartões amarelos na Espanha ocorre, acredito, mais por excesso de reclamação. Os vermelhos na Argentina são por violência mesmo.

E os pênaltis no Brasil se devem mais à habilidade do jogador brasileiro dentro da área. Muitas vezes, o atacante faz a jogada nem com o objetivo do gol, mas de sofrer o pênalti. E acaba sofrendo.

Zico cita como exemplo um dos lances polêmicos de Corinthians 1 x 0 Cruzeiro, em que o atacante Thiago Ribeiro arrancou na área, tentou passar por Julio Cesar mas se chocou com o goleiro – o árbitro Sandro Meira Ricci não considerou pênalti.

– Para mim, o Julio Cesar derrubou o Thiago, com o ombro. E o pênalti do Gil no Ronaldo para mim não existiu. Ele não teve a intenção de derrubá-lo – afirmou, colocando mais lenha na fogueira, mas reconhecendo dificuldade na marcação dos lances.

Desde 2006 no Arsenal, na Inglaterra, o volante Denilson, cria das divisões de base do São Paulo, faz coro com o Galinho com relação ao futebol inglês.

– A diferença é cultural. Na Inglaterra, o jogo é mais pegado, sempre foi assim. É claro que existem algumas faltas mais duras, violentas. Mas são sempre punidas quando acontece algum tipo de exagero. O jogo fica mais corrido, os árbitros não marcam qualquer coisa. Não é qualquer empurrão ou choque que o juiz apita..

O volante afirma ter se adaptado bem ao estilo inventores do futebol e se diz satisfeito com a arbitragem.

– Não tenho nenhuma reclamação. Aqui existe um critério de faltas, e todo jogador que atua na Premier League sabe como funciona. O quadro de arbitragem não deixa a desejar.

Com duas passagens pelo futebol alemão – Borussia Dortmund e VfB Sttutgart – e uma pelo espanhol – Real Zaragoza -, o atacante Ewerthon, de volta ao Brasil, agora no Palmeiras, aponta as diferenças de critérios. E daí pode vir a explicação dos altos números da Espanha, ao contrário dos outros países europeus.

– Na Alemanha, o estilo de arbitragem é totalmente diferente do brasileiro. Lá o futebol é mais força, os árbitros já estão acostumados com encontrões e entradas mais duras, por isso não marcam qualquer falta. Eles só são rigorosos realmente quando há deslealdade. Já na Espanha é mais parecido. O futebol lá é um dos mais técnicos da Europa. Mesmo assim, não são marcadas tantas faltas quanto no Brasil, deixam o jogo rolar mais.

Um dos destaques do Campeonato Brasileiro, o argentino Montillo, camisa 10 do Cruzeiro e candidato ao título, chegou ao Brasil no segundo semestre. Diplomático, jura que viu pouca diferença nos estilos. O maior problema, segundo o meio-campo celeste, é na comunicação com o trio de arbitragem, na diferença do idioma.

– Em todo lugar o critério é parecido, muda pouco. Quando comecei a jogar aqui, vi que na Argentina os árbitros tinham muito boa visão de jogo. Aqui também, mas é mais difícil conversar com eles, reclamar de alguma falta ou algo que fizeram, não me compreendem.

Há profissionais bons por todos os lados. Eles têm de ter vocação, como nós, jogadores de futebol – afirmou, absolvendo, por ora, os homens de preto (ou amarelo, basicamente) tantas vezes criticados.

fonte: Márcio Mará


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